Estamos no final do ano e, para muitos, o Natal está no ar. A ECO desejou que esta COP28 trouxesse substância, que se aprofundasse no que é necessário e urgente em todos os aspectos da Agenda de Dubai: desde um Fundo de Perdas e Danos eficaz e confiável até uma estrutura adequada de financiamento e adaptação e um sinal claro e inequívoco para acabar com a era dos combustíveis fósseis.
Após 200 anos de danos imensuráveis e ganhos falsos do setor de combustíveis fósseis, tudo isso parece certo. Mas parece que o Grinch (ou seria apenas um lobista de combustíveis fósseis disfarçado?) está sussurrando mais perto e mais alto nos ouvidos do negociador. Novamente o creme é retirado do bolo. Prateleiras vazias. Casa vazia. O conteúdo é retirado do Plano de Ação de Gênero, o NCQG, e pode não ser encontrado no GGA.
Mas há um raio de luz (…and I feeeeeel like I just got home…And I feeeeel…) quando abrimos a janela, e ele se refere à insistência do Ministro do Meio Ambiente da Colômbia em colocar em todas as conversas a difícil questão da transformação de nossa economia e do abandono de nossa dependência de combustíveis fósseis. Parece uma oração para o bem. Após 200 anos, o raio iluminará o processo para um Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis. Mas espere, isso seria possível? Será que “o maior país do mundo” está jogando junto? A ECO ouviu falar do envolvimento do Brasil com a OPEP e do leilão de 603 novos blocos de petróleo e gás em todo o país. O ECO está ficando confuso. O que há embaixo da árvore de Natal? Um mundo livre de combustíveis fósseis ou a fidelidade ao setor que causou a crise? O ECO espera que isso seja apenas um conto do Tio Patinhas.
A ECO sonha que a COP30 seja realmente transformadora. O Brasil tem tudo o que é necessário, inclusive outra mulher inspiradora no comando, Marina Silva, que acaba de entrar para a lista das 10 mulheres da revista Nature. Depois de 30 anos, a ECO acha que todos nós estamos maduros o suficiente para colocar a vida acima do lucro e garantir a justiça acima da ganância. A ECO apela para a diplomacia e a coerência do Brasil para ajudar a conduzir o processo e trazer os países da América Latina e do Caribe para junto de si. O desejo é claro: precisamos estabelecer a Amazônia como um território de expansão livre de fósseis e garantir os direitos dos povos indígenas à terra e o acesso ao financiamento. Devemos promover o engajamento da América Latina e do Caribe para a integração e a cooperação em energia renovável para uma era pós-extrativista – sem mais presentes de carbono no final da COP.